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27/Mai/2020 - 09h30

Coronavírus: Balanço do governo indica alta do desemprego

Coronavírus: Balanço do governo indica alta do desemprego Foto: Reinaldo Canato/Veja

A equipe econômica do governo já nota os efeitos da pandemia do coronavírus no mercado de trabalho formal. Há aumento do desemprego já a partir de abril. Com a desaceleração da economia, as contratações com carteira assinada diminuíram, o que traz queda no ritmo de recolocações e aumenta a desocupação dos brasileiros. Segundo fontes do Ministério da Economia, o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) deve voltar a ser divulgado, depois de quase cinco meses, até o fim desta semana. As informações não são animadoras. O ritmo de demissões aumentou e as admissões arrefeceram. Na lógica de um mercado de trabalho dinâmico, no qual desligamentos e contratações acontecem aos milhares diariamente, é exatamente este movimento que anuncia um ciclo de alta do desemprego.

De acordo com a Veja, a volta da publicação do Caged também acenda uma luz que foi apagada desde o fim do ano passado. Tradicionalmente divulgado todos os meses, o indicador havia sumido das publicações do governo desde dezembro. E, no fim do ano passado, o último dado disponível do Caged, o Brasil tinha um estoque de 39 milhões empregos com carteira assinada. Este volume, o maior da série histórica, foi resultado de uma estabilidade da curva de demissões durante todo 2019 e da aceleração da de admissões. Enquanto que a média de desligamentos permaneceu próxima de cerca de 1,3 milhão de pessoas por mês, a de contratações oscilou mais, mas chegou a alcançar 1,5 milhão de novos empregos com carteira por mês. Isso mudou em 2020 após o início da crise, causada pela pandemia do novo coronavírus (Covid-19).

A queda nas contratações em 2020, resulta em fechamento de postos de trabalho e, consequentemente, no aumento da fila do desemprego. A tendência é que a prevista depressão econômica — estimada em um tombo de 5,9% do PIB de acordo com o Boletim Focus desta segunda-feira, 25 — deteriore ainda mais o mercado de trabalho formal. A preocupação maior está no fato de que é uma característica do emprego no Brasil ser um dos últimos fatores a serem afetados por crises econômicas. A explicação está na burocracia e custo para demitir — muito mais alto do que em outros países. O problema é que a dificuldade para demitir se transforma na postergação da decisão de contratar quando a economia retoma, deixando mais lento o processo de geração de empregos.

Mesmo sem os dados oficiais do desemprego — que não são divulgados desde janeiro pela área econômica — o Ministério tem medido as demissões pelos pedidos de seguro-desemprego. Segundo o último balanço de pedidos de seguro-desemprego, houve um aumento de 9,6% nas solicitações entre janeiro e a primeira quinzena de maio, entre o mesmo período do ano passado. Isso significa cerca de 250 mil pedidos a mais de seguro-desemprego. Na avaliação da equipe econômica, apesar de o salto no número de pedidos não ser tão grande — como acontece em outros países, como os Estados Unidos — será o volume de admissões que definirá o ritmo de aumento do desemprego. Será exatamente isto o que o Caged mostrará nos próximos dias.

Na avaliação da equipe econômica, a trajetória só não será pior porque as medidas engendradas para combater a perda de postos formais têm se mostrado eficazes. O programa de redução de jornada ou suspensão de contratos, chamado de Bem, já foi pactuado para 8,1 milhões de trabalhadores até esta segunda-feira, 25. Esses funcionários da iniciativa privada, além de manterem os postos de trabalho durante a vigência das medidas — que variam de dois a três meses —, conquistam estabilidade e impedem que a curva mostra uma ascensão rápida do desemprego.

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