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Resgatado na lama, menino de 2 anos perde a família em São Sebastião
Foto: Amanda Perobelli/Terra

Daqui para frente, quando passar a mão na cabeça, o menino de dois anos terá uma cicatriz de cerca de 10 centímetros para lembrá-lo do que ainda não entendeu, mas já sente: o dia em que sua mãe, pai e dois irmãos sumiram de sua vida. Domingo, 20 de fevereiro de 2023, o mesmo dia em que ele foi retirado de uma montanha de lama, apenas de fralda. Em meio ao entulho, seu choro baixinho guiou um bombeiro civil até o canto de ar formado por uma parede soterrada por escombros em São Sebastião. Um choro fraco, quase um lamento, fizeram voluntários e moradores da rua crerem que era o barulho de um cachorro ferido. “Ele nunca foi de chorar. Entrava e saía da minha casa o dia inteiro”, diz Lucian Soares, de 34 anos, que viu Aleffi Miguel da Conceição Costa nascer. “Hoje (sexta-feira) foi a primeira vez que ele falou alguma coisa desde domingo (dia do temporal). Pegou na mão da minha filha e a chamou para brincar com esse carrinho”, contou. Foi o mesmo dia em que os corpos de seu pai e irmãos foram encontrados. Os pais do menino, Adriel Costa e Maria dos Gomes da Conceição, e seus irmãos Adryan, de 8 anos, e Mariely, de 15, além dos primos Rafael, de 24, e Keison, de dois, se foram. Da família, sobraram o tio, Benedito Gomes, e os avós, no Piauí. O garoto, de olhos pretos vivíssimos, tem nariz e bochecha esfoladas e uma enorme sutura na parte de trás da cabeça. Ele se abraça aos brinquedos como se fossem sua família. São Sebastião, onde o menino nasceu e perdeu os parentes, recebeu mais de 600 milímetros de chuva em 24 horas, o triplo da média esperada para todo o mês de fevereiro. De acordo com a Defesa Civil de São Paulo, são cerca de 3,5 mil desalojados e 59 mortos. Assim que foi retirado dos escombros, o garoto foi levado para o Instituto Verdescola, no mesmo bairro, onde recebeu os primeiros socorros. “Quando ele chegou aqui, nem chorar ele chorava, só ficava nos olhando”, afirma Fernanda Carbonelli, uma das diretoras da ONG. De lá, Aleffi foi levado para um hospital em Caraguatatuba, cidade também no litoral norte. As informações são do Terra.

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