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Picadas de escorpião aumentam 250% no Brasil em menos de uma década
Foto: Butantan

As picadas de escorpião aumentaram 250% no Brasil em menos de uma década, revelando uma epidemia silenciosa que já afeta milhões e um alerta entre especialistas para a rápida proliferação desses aracnídeos nas cidades, impulsionada por urbanização desordenada, saneamento precário e mudanças climáticas. As informações são do jornal o Globo. Um estudo publicado, nesta quinta-feira, na revista Frontiers in Public Health, aponta para uma possível crise nacional. A espécie Tityus serrulatus, conhecida como escorpião-amarelo, é considerada a mais perigosa no país, especialmente no Sudeste, onde mais de 49% dos casos foram registrados entre 2014 e 2023. Sua capacidade de reprodução sem a necessidade de acasalamento e adaptação ao ambiente urbano tornam seu controle ainda mais difícil. Esses aracnídeos vivem principalmente na rede de esgoto e podem invadir qualquer residência, inclusive apartamentos altos, subindo pelos encanamentos. “A real dimensão deste problema é provavelmente muito maior do que as estatísticas registradas sugerem”, diz o artigo publicado na Frontiers in Public Health. Baseado em um levantamento de dados de pesquisas recentes sobre o tema com hipóteses para causas e projeção para os próximos dez anos, Eliane Arantes (USP) e Manuela Pucca (Unesp) chamam atenção a essa possível crise de saúde pública pelo escorpionismo. De 2014 a 2023, os casos aumentaram em mais de 250% com 1.171.846 casos notificados no período, e as projeções indicam aumento contínuo, com estimativa de 2.095.146 casos até 2033. A gravidade das picadas, principalmente em crianças, idosos e pessoas com comorbidades, exige atendimento médico imediato, mas o acesso ao soro antiescorpiônico ainda é limitado. Apesar de não haver falta do medicamento, ele é geralmente centralizado em uma unidade por cidade, e não disponível em unidades privadas. Além disso, o soro se torna menos eficaz após a toxina atingir os alvos no organismo, o que reforça a importância do atendimento rápido pelo Samu 192. O aumento do número de picadas do escorpião não é exclusivo do Brasil. Ele avança em várias partes do mundo, como norte da África, Oriente Médio, sul da Índia, México e América Latina. Além do Brasil, nas últimas décadas, países como Paraguai, Bolívia, Guianas e Venezuela registraram aumentos expressivos nos casos. No Brasil, o Sudeste lidera com quase metade das ocorrências notificadas entre 2014 e 2023 — mais de 580 mil casos — seguido pelo Nordeste, com 439 mil. Segundo o estudo, as projeções para os próximos dez anos indicam que o escorpionismo deve seguir em alta em todas as regiões do Brasil, com destaque preocupante para o Sudeste, onde são esperados mais de 2 milhões de casos. A espécie Tityus serrulatus, predominante nessa área, preocupa os especialistas por sua capacidade de reprodução sem acasalamento, o que facilita sua disseminação por todo o país. No entanto, outras espécies igualmente perigosas atuam em diferentes regiões, o que agrava o desafio do tratamento: o soro disponível hoje é desenvolvido com base apenas na peçonha do T. serrulatus, o que pode comprometer sua eficácia diante da diversidade de toxinas presentes no território nacional.

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