Enquanto o Brasil alcança em 2025 a menor marca de queimadas desde 1998, a Bahia segue em sentido oposto e bate recorde negativo: já é o terceiro estado com mais focos de incêndio no país, somando 1.992 ocorrências no primeiro semestre, a pior marca em mais de uma década. A tragédia se concentra no oeste, onde municípios como Jaborandi, São Desidério e Santa Rita de Cássia sozinhos respondem por quase 10% das ocorrências nacionais, revelando um cenário em que o alívio nacional convive com a escalada do fogo em território baiano. As infoimações, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), apontam ainda que na Bahia a curva de aumento é visível. Foram 1.655 focos em 2022, 1.762 em 2023 e 1.825 em 2024, até o salto de 2025. O oeste baiano se consolidou como epicentro da crise. Só em Jaborandi foram 124 focos; em São Desidério, 122; e em Santa Rita de Cássia, 104. Os números colocam esses municípios entre os que mais queimaram no Brasil em 2025. Esse avanço preocupa autoridades, já que os incêndios se intensificam justamente em regiões de forte produção agrícola e pecuária, responsáveis por boa parte do PIB baiano. Já o país, ainda conforme o Inpe, registrou em agosto apenas 18.451 focos de calor, resultado que representa uma queda de 61% em relação à média histórica para o mês (47.348) e de quase 14% em comparação ao recorde anterior, registrado em 2013, com 21.410 ocorrências. No acumulado do ano, até agosto, foram 47.531 focos em todo o território nacional. A distribuição, no entanto, é desigual: o Cerrado concentrou 47,9% dos registros e a Amazônia 28,3%. Mato Grosso aparece como o estado mais afetado, com 14,5% do total, seguido por Maranhão (12,6%), Tocantins (11,7%), Bahia (8,6%) e Pará (7,1%). No cenário de queda histórica das queimadas no país, a Bahia segue na contramão, mas os sinais de alerta já vinham sendo dados. Em 2024, o estado registrou mais de 3.300 focos no acumulado do ano, com 785 apenas em agosto, mês tradicionalmente mais crítico. Especialistas alertam que, apesar da redução nacional, o quadro baiano exige atenção redobrada. O Inpe aponta que setembro e outubro concentram historicamente os maiores números de queimadas, o que pode agravar ainda mais a situação do estado. Para conter o avanço, será necessário integrar ações de monitoramento, campanhas de conscientização e reforço no contingente de brigadistas.