Nesta segunda-feira (22), teve início a primavera no hemisfério sul, e com ela surgem as expectativas de mudanças climáticas e de renovação da paisagem no sudoeste da Bahia. Em entrevista ao Achei Sudoeste e ao Programa Achei Sudoeste no Ar, o climatologista do Departamento de Geografia da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB), Rosalve Lucas, destacou os principais pontos da estação, que deve marcar o fim do frio e a chegada gradativa das chuvas. “Essa estação traz flores também, porque biologicamente os vegetais eles reagem à estação, mesmo que tenha alterações, essa é normal. Para nós vai reservar uma coisa mais ou menos parecida porque o frio basicamente está indo embora e gradativamente as temperaturas vão se elevando daqui para frente. De vez em quando vai ter alguns breves períodos de frio, principalmente à noite, mas a tendência é que até a primeira quinzena de outubro esse frio já tenha ido embora totalmente, e aí gradativamente vai entrar o período das chuvas”, explicou. Segundo o climatologista, as precipitações mais fortes devem acontecer a partir do fim de outubro, estendendo-se por novembro e dezembro, aumentando também a umidade relativa do ar. “No momento, nesses próximos 20 dias, a chuva de vez em quando vem, mas é uma coisa muito pequena em milímetro. A chuva mesmo de grande intensidade vai só a partir já perto do final do mês de outubro. (…) A nossa primavera é justamente o período em que a umidade relativa do ar aumenta, o solo vai responder esse aumento da umidade relativa do ar e a paisagem do todo vai começar a ficar bem verde e mais bonita, inclusive.” Rosalve chamou atenção para o déficit hídrico acumulado nos últimos anos na região, resultado de longos períodos de estiagem e chuvas abaixo da média. “Nós passamos por dois eventos extremos, basicamente contínuos. (…) A quantidade de chuva, principalmente para a nossa região aqui, região seca do Sudoeste, ficou com um déficit de água. (…) Nos primeiros três meses, pelo menos na parte mais seca, não vai ter esse alívio, porque a água vai infiltrar e vai alimentar os lençóis freáticos que estão abaixo do normal. Então a gente sempre precisa que chova bem muito para que a partir do momento que encher esse déficit hídrico comece a água a aflorar do solo”, explicou. De acordo com ele, o calendário de chuvas varia dentro do estado. Enquanto em Vitória da Conquista as chuvas costumam chegar em outubro, em cidades como Guanambi e Brumado esse ciclo pode começar apenas em dezembro. Outro ponto abordado foi a onda de calor prevista pelo Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) para o início da primavera em regiões do centro-oeste e sudeste. Segundo Rosalve, no sudoeste baiano os impactos vão depender da altitude de cada município. “Normalmente, essas ondas de calor atingem mais as regiões de baixa altitude. Por exemplo, aqui em Vitória da Conquista, nós estamos a mil metros, um pouco mais de mil, mil e cem, aí os efeitos dessa onda de calor, ela é bem atenuada. Já as regiões de baixa altitude, por exemplo, Brumado, Anagé, com certeza essa onda vai chegar com uma certa intensidade.” Para o climatologista, a primavera representa também um alento para quem sofre com a irregularidade das chuvas no sertão baiano. “Principalmente porque o que deixa mais aliviado para o nosso povo do interior, que sofre muito com essa irregularidade das chuvas, é que basicamente depois que a gente passa por esses dois eventos extremos, normalmente tende à normalidade. E essa normalidade que deixa mais tranquilo a gente que trabalha com climatologia de afirmar que enquanto não tiver esses efeitos extremos a chuva volta à normalidade. (…) Em outras palavras, sim, nós estamos otimistas em relação a essa quantidade de água dentro do seu calendário normal das pessoas que moram aqui na nossa região”.