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Câmara de Brumado apoia comunidades rurais em meio à crise hídrica Foto: Lay Amorim/Achei Sudoeste

O presidente da Câmara de Vereadores de Brumado, Rubens Araújo (PP), esteve presente na reunião do Conselho de Desenvolvimento Rural (CDR) junto aos presidentes e líderes de associações rurais para debater o enfrentamento à seca no município. Ao site Achei Sudoeste e ao Programa Achei Sudoeste no Ar, Araújo destacou que, dos 15 vereadores que compõem a atual legislatura, 8 possuem raízes no meio rural e, por isso, a participação do legislativo no apoio ao homem do campo tem sido bastante efetiva. “Estamos dando a nossa parcela de contribuição, estamos envolvidos no movimento e, de forma indireta, temos ajudado, inclusive com a devolução de recursos públicos que fizemos no início do mês de junho, de R$ 2.100.000”, afirmou. O presidente detalhou que pediu ao prefeito que o recurso seja utilizado em parte para atendimento das demandas do homem do campo, entre as quais a limpeza das aguadas públicas, a recuperação das estradas vicinais e a construção de passagens molhadas. “Temos esse compromisso. Meu vínculo é muito forte com o meio rural”, assegurou.

Bahia tem 2 milhões de pessoas afetadas pela seca só em 2025 Foto: Shutterstock

“Não choveu quase nada este ano. A gente está assim, pagando uns aluguelzinhos aos vizinhos com uma dificuldade muito grande. Sinceramente, a coisa não está fácil. A pastagem quase não criou, não deu mantimento e as coisas estão mais caras. A gente só cria mesmo porque moramos na roça e não tem outro meio de sobrevivência”. Maria Lúcia do Prado, 65 anos, cria bovinos e caprinos em Belo Campo - um dos 76 municípios com situação de emergência por estiagem reconhecida pelo governo federal. Os dados são do Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR). A estimativa é de que 2 milhões de pessoas já foram afetadas pela estiagem em 2025, segundo a Superintendência de Proteção e Defesa Civil (Sudec). Atualmente, o maior número de cidades impactadas concentra-se no sudoeste baiano, com 20 municípios afetados. São consideradas em estiagem as localidades acometidas por um período prolongado de baixa ou nenhuma pluviosidade, em que a perda de umidade do solo é superior à sua reposição. As ocorrências mais antigas nos municípios baianos datam de novembro de 2024, totalizando mais de seis meses de escassez. O geógrafo e professor titular da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Uesb), Rosalve Lucas, explica que os impactos em relação à estiagem são sentidos inicialmente nas atividades vinculadas às chuvas, como a produção de alimentos, o abastecimento de água e a pecuária. “Tradicionalmente, essas atividades são as primeiras a serem atingidas. Elas são a base e, na sequência, outros setores serão impactados, como a produção de alimentos industrializados, a comercialização de alimentos, a inflação, a qualidade de vida, a saúde. É um efeito cascata e que também vai afetar as grandes cidades; pode até citar o aumento da insegurança alimentar”, salienta Rosalve. No início de maio, Vitória da Conquista, maior cidade do sudoeste e terceira maior cidade do estado, entrou para a lista do Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional como cidade em situação de emergência por conta da estiagem. Cosme Lima, de 55 anos, trabalhava com horta e criação de porcos até pouco tempo atrás, mas, com a elevação dos custos de insumos e a escassez de água, precisou abandonar a agricultura. Hoje, ele vive em Belo Campo, onde relata dificuldades no acesso à água potável e enfrenta o alto custo da alimentação animal. “Hoje você paga R$ 85 num saco de ração de milho. Quando chega aqui, está mais de R$ 90. O trigo está R$ 58, a soja R$ 156. Tudo é caro”, relata.

Crise hídrica afeta Lagoa Real e moradores clamam à prefeitura resolução do problema Foto: Bianca Pessoa/Achei Sudoeste

Na comunidade do Bebedouro, na zona rural de Lagoa Real, na região sudoeste da Bahia, os moradores estão vivendo uma crise hídrica há algum tempo. Em contato com o site Achei Sudoeste, Bianca Pessoa relatou que a comunidade tem muita dificuldade de acesso à água e, apesar de tantas reclamações, os responsáveis nunca tomaram qualquer providência. A comunidade é abastecida através de um poço artesiano localizado em uma propriedade privada, o qual é mantido pela prefeitura. “Essa água não chega até nós e a gente não sabe o porquê. O funcionário público que atende a demanda da região, fica nessa: a água já tá chegando, vou soltar e não chega. Demora de 12 a 13 dias. É uma confusão. Não conseguimos desvendar o mistério dessa água”, afirmou. Bianca disse que os moradores cobram pela manutenção de um poço artesiano público para evitar os problemas de desabastecimento vividos na região. A questão já foi levada ao conhecimento do prefeito, porém o impasse persiste. O Bebedouro é uma comunidade grande e inúmeras pessoas estão sofrendo com a crise hídrica, especialmente diante da onda de calor registrada em todo país. “A situação está precária mesmo. Ficamos sem água para as coisas mais básicas do dia a dia”, completou Pessoa.

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