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Estudantes desenvolvem jogo que facilita ensino da química em Bom Jesus da Lapa Foto: Gustavo Tenório

Pesquisadores vinculados à Associação Brasileira de Química (ABQ) listam a memorização de fórmulas e a fragilidade com cálculos matemáticos como os principais obstáculos de estudantes brasileiros no aprendizado da disciplina.

Com base nessas informações, o professor Marcos Aurélio e os alunos Patrike Rodrigues, Hébert Lemuel e Ziggy Aurélio, do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Baiano (Ifbaiano), de Bom Jesus da Lapa, na região oeste da Bahia, desenvolveram um jogo de cartas que facilita o ensino-aprendizagem de ligações químicas. O jogo busca desmistificar o ensino da química através de formas práticas que vão além da teoria.

O professor Marcos Aurélio sempre apostou no uso de materiais alternativos e de plataformas digitais de aprendizagem para aulas práticas e dinâmicas. “O jogo de cartas se tornou a metodologia perfeita porque ele desmistifica a abstração”, afirmou.

Ele considera essencial o papel dos três estudantes para o sucesso da iniciativa. “Eles não foram meros usuários, mas sim cocriadores e validadores do projeto. Eles testaram diferentes materiais, avaliaram a durabilidade e a usabilidade das peças impressas, além de terem sido os primeiros a testarem o sistema de pontuação e das regras”, completou.

O jogo estimula o aluno a construir a molécula do zero, integrando simultaneamente Representação Eletrônica, Estrutura de Lewis, Geometria e Propriedades Físico-Químicas.

Secti busca investimentos em tecnologia e supercomputadores na região de Guanambi Foto: WhatsApp/Achei Sudoeste

O secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado da Bahia (Secti), Márcio Gomes, esteve no município de Guanambi para uma agenda estratégica, a pedido do governador Jerônimo Rodrigues (PT).

Ao site Achei Sudoeste e ao Programa Achei Sudoeste no Ar, o secretário explicou que a visita busca identificar e aproximar o ecossistema que envolve a ciência e tecnologia das pautas dos territórios. Ele ressaltou que o governo enxerga a região com grande potencial de investimentos para geração de emprego e renda. “A região de Guanambi e o Território do Alto Sertão possuem riquezas minerais e de energias renováveis e, agora mais recentemente, uma agenda para investimentos na área de Data Center, que envolve supercomputadores”, afirmou.

Segundo o secretário, a visita antecede o anúncio de investimentos no que se refere à proteção de dados para preservação da soberania nacional. O Governo do Estado pretende implantar um supercomputador na região de Igaporã. “A Bahia é líder na produção de energias renováveis e essa capacidade também abre uma oportunidade de investimentos na área de tecnologia. A gente acredita que esse novo mercado irá gerar frutos importantes para o desenvolvimento da região e, especialmente, para Igaporã”, declarou.

O projeto, que será executado em etapas, também poderá abrir um leque de possibilidades na área de tecnologia da informação em todo território.

Palmas de Monte Alto: Estudantes desenvolvem canudo ecológico a partir da casca do ovo Foto: Divulgação/Secti

O Brasil é um dos países que mais produzem resíduos plásticos no mundo. Pesquisa da ONG Oceana aponta que os brasileiros despejam anualmente 1,3 milhão de toneladas de plástico nos mares, o equivalente a 8% de toda poluição do tipo a nível mundial. Para ajudar a minimizar esse impacto no Sertão Produtivo, as estudantes Maria Alice, Luma Badaró e Lorrany Lopes, do Colégio Estadual de Tempo Integral Anísio Teixeira, em Palmas de Monte Alto, criaram um canudo ecológico produzido a partir da casca do ovo.

Maria Alice destacou que o projeto não é apenas uma ideia criativa, mas uma solução viável, com base científica e grande potencial de impacto ambiental e econômico. Para as próximas etapas, as estudantes planejam comparar o ciclo de vida ambiental dos canudos ecológicos com os convencionais, além de criarem um design mais atraente para o público infantil.

Professor orientador do projeto, Ueliton Oliveira defendeu a importância da formação de jovens cientistas. “A inserção dos jovens na educação científica e empreendedora é fundamental para a formação integral do estudante, pois contribui para o desenvolvimento do pensamento crítico, da criatividade e do protagonismo juvenil, preparando-os para enfrentar os desafios sociais, ambientais e econômicos do presente e do futuro”, afirmou.

Boquira: Jovens desenvolvem ração sustentável para evitar o descarte irregular do mamoeiro Foto: Divulgação/Secti

Como uma alternativa viável que explora os potenciais sustentáveis do setor agrícola, a ração Nature, produzida a partir do caule do mamoeiro, evita o descarte irregular dessa parte da planta e representa uma prática ambientalmente responsável. O projeto, idealizado pelos estudantes Helder Almeida e Daniel Conrado, do Colégio Estadual de Boquira, tem orientação da professora Cássia Fabiane Nascimento. Os jovens cientistas desenvolveram uma proposta economicamente viável mesmo em larga escala. Conhecido cientificamente como Carica papaya L., a matéria-prima também é chamada de pseudocaule. Ela armazena nutrientes, água, é rica em fibras e contém a enzima papaína, eficaz na digestão animal. Além disso, apresenta substâncias bioativas com propriedades antioxidantes, anti-inflamatórias e antivirais. Durante os meses de experimentação, foi possível observar melhorias no desempenho das aves alimentadas com a nova ração. “Elas passaram a apresentar maior ganho de peso, crescimento saudável e aumento significativo na produção de ovos. Entre as galinhas caipiras, essa produção chegou a triplicar”, afirmou Helder. Criadores e aves da região incorporaram a nova ração ao farelo de milho utilizado no dia a dia. Por ser um produto totalmente orgânico, sem aditivos químicos, de baixíssimo custo produtivo e que obedece aos requisitos de produção e consumo sustentável, a ração torna-se benéfica para os produtores rurais e, consequentemente, para o setor agrícola.

Ibiassucê: Estudantes criam pomada caseira para tratamento de feridas em gado Foto: Divulgação/Secti

Na região de Ibiassucê, o gado costuma sofrer lesões provocadas pelo contato com a aveloz, planta tóxica amplamente usada como cerca viva, e a requeima, enfermidade causada por sensibilidade à luz. O problema afeta a produtividade pecuária e gera despesas para os criadores locais. Pesando nisso, os estudantes Policarpo Costa e Maykon Brito, do Colégio Estadual Antônio Figueiredo, sob a orientação do professor Janilton Almeida, desenvolveram uma pomada medicinal à base de plantas. A solução fitoterápica, nomeada Pomak Gel, facilita o acesso popular ao tratamento das feridas externas em bovinos e equinos. A pomada é composta por três plantas: babosa, jurema preta e os taninos, presentes no angico, que possuem características anti-inflamatórias, fotoprotetoras e cicatrizantes. Segundo Janilton, o produto pode beneficiar o semiárido por causa do modo de produção artesanal e de baixo custo. O professor acredita que o gel, que está em processo de patenteamento, já seria viável aos pecuaristas, através da produção caseira, com as devidas orientações de segurança. A iniciativa dos estudantes foi finalista na Feira Brasileira de Iniciação Científica em Santa Catarina no ano de 2023, com apoio da Secretaria da Educação (Sec).

Estudantes de Candiba criam óleo natural para aliviar sintomas da ansiedade Foto: Divulgação/Secti

A ansiedade é uma reação natural do organismo, mas, quando se manifesta de forma frequente e intensa, pode se tornar um transtorno psicológico. O Brasil é o país com mais casos de transtornos de ansiedade no mundo, com cerca de 18 milhões de pessoas afetadas, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Ao identificar a dimensão do problema, as estudantes Emília Vieira Araújo e Tainara Rocha de Oliveira, do Colégio de Tempo Integral Antônio Batista, em Candiba, desenvolveram, sob orientação da professora Marciele de Oliveira, um óleo corporal à base de capim-santo, com efeito calmante que ajuda a aliviar os sintomas da ansiedade. A ideia surgiu na aula de iniciação científica. 

Estudantes de Candiba criam óleo natural para aliviar sintomas da ansiedade Foto: Divulgação/Secti

A planta capim-santo foi escolhida após a equipe identificar propriedades que contribuem para o relaxamento do corpo. “Nossa pesquisa mostra que seus componentes, como o citral, promovem relaxamento e sensação de calma. O aroma da planta ajuda a diminuir sintomas como aceleração dos batimentos cardíacos e agitação. A receita tem na sua composição o extrato de capim-santo e óleo de coco, sendo, portanto, 100% natural”, explicou Marciele. O projeto, que conta com o apoio da Secretaria da Educação (SEC), passou por uma fase de testes e será aprimorado. Os voluntários confirmaram que o óleo proporcionou bem-estar, alívio dos sintomas da ansiedade e melhora na qualidade do sono.

Estudantes de Rio do Antônio criam pomada para tratar feridas em animais Foto: Divulgação/Sec

Em Rio do Antônio, as estudantes Tauany da Silva Santos e Joseanne Santos Ribeiro, ambas de 16 anos, do Colégio Estadual de Tempo Integral, criaram o projeto “Cicatriveck”, uma pomada cicatrizante 100% natural feita a partir da folha de mandioca. Movidas pela necessidade de oferecer uma solução acessível aos pequenos criadores da região, elas reuniram ciência, sustentabilidade e saberes tradicionais para acelerar a cicatrização de feridas em animais e reduzir o uso de antibióticos sintéticos. O desenvolvimento da pomada se deu a partir da identificação da dificuldade dos pequenos criadores da região em tratar ferimentos nos animais com produtos acessíveis e naturais. Os testes para a criação do produto foram iniciados em abril de 2024, quando as jovens isolaram e padronizaram os compostos bioativos da folha de mandioca. A aplicação inicial em um animal ocorreu em maio do mesmo ano e, após dez dias consecutivos de uso, observou?se redução visível na inflamação e início da regeneração tecidual. Além da mandioca, a fórmula utiliza barbatimão, conhecido por suas propriedades antimicrobianas, babosa, que acelera a renovação celular, e mastruz, de ação anti-inflamatória. A combinação desses ingredientes resulta em um produto que não só protege a ferida contra infecções, mas também estimula o reparo natural da pele. O perfil @pomada_natural no Instagram mostra os resultados do uso do produto.

Estudantes produzem aparelhos de laboratório com materiais recicláveis Foto: Milena Monteiro/SECTI

De acordo com dados da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), aproximadamente 30% de todo o lixo colhido no Brasil tem potencial de reciclagem, mas apenas 3% são reaproveitados e transformados novamente em produtos. Entre as diferentes formas de reciclar os resíduos, em Santa Maria da Vitória, cidade do oeste baiano, Emanuelly Dourado e Emili Moura, estudantes do Centro Territorial de Educação Profissional da Bacia do Rio Corrente, utilizaram os descartes para desenvolver kits laboratoriais. A ideia do projeto é ampliar os equipamentos do espaço de estudo, além de promover a educação ambiental. A jovem cientista Emanuelly conta que o grande objetivo da proposta é envolver os estudantes durante todo processo de fabricação. “O propósito é reciclar materiais de baixo custo e transformar em produtos que serão utilizados no cotidiano dos alunos. Essa é uma alternativa para instigar a curiosidade e o aprendizado do ensino científico entre os jovens”, conta. Até o momento, 12 tipos de equipamentos estão inclusos no kit, contendo balança, tubos de ensaio, manuais de ensino, entre outros utensílios. Ainda em desenvolvimento, o projeto tem retorno positivo dos professores, que certificam a eficácia dos produtos na experiência de ensino e aprendizagem.  “A maior parte dos materiais produzidos no kit possui autoria de criação, ou seja, o estudante colabora com o projeto e vivencia a aprendizagem de modo prático. Esse é o diferencial do nosso produto. Ele conta com o auxílio dos alunos, da comunidade e dos professores”, acrescenta a estudante pesquisadora. As idealizadoras do projeto, que integra o Programa Ciência na Escola, da Secretaria da Educação, contam com a orientação da professora Eugênia Silva. As meninas almejam, além de ampliar a produção com novas turmas participantes, distribuir os kits em regiões vizinhas que ainda não foram favorecidas.

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