No último domingo (22) foi celebrado o dia mundial da água, mas, como na maioria das cidades brasileiras, o município de Brumado não teve muito o que comemorar. Ao contrário, os brumadenses lamentam a poluição do Rio do Antônio e dos Riachos do Bate Pé e do Bufão, que cortam a cidade. Há anos uma batalha judicial é travada para que os dejetos dos esgotos da cidade não sejam mais despejados no rio. Mesmo com algumas sanções e multas já decretadas, o poder público nunca desembolsou um único centavo para pagar os prejuízos causados e muito menos deu importância às sanções impostas. 

Por décadas, o Rio do Antônio foi a principal fonte de abastecimento de Brumado, porém, por ações mal planejadas de antigas gestões, o esgoto das casas, que antes era depositado em fossas, foi transferido para as redes de drenagem pluvial, provocando a poluição do rio. Algo similar vem acontecendo nos últimos sete anos com o Riacho do Bufão, que corta os Bairros Olhos D’água, Santa Tereza e parte do Centro. As águas do riacho serviam como principal fonte de irrigação das plantações de hortaliças, que muito ajudam as famílias e a movimentação na feira livre da cidade. 

No entanto, em mais um ato irresponsável de antigas administrações, o esgoto foi desviado para o leito do riacho, tornando o mesmo inviável para o aproveitamento da lavoura. Com isso, a maioria das hortas parou as atividades e os produtos comercializados no mercado são de comunidades rurais mais distantes da sede. A única alegria dos brumadenses é a de estar recebendo água de qualidade da Barragem de Cristalândia, mas o abastecimento encontra-se ameaçado pela possível construção da Barragem do Agronegócio na nascente do Rio das Contas, na cidade de Piatã. O projeto foi autorizado mediante negociações com o ex-governador Jaques Wagner (PT), que passou oito anos à frente da administração estadual prometendo a construção da segunda etapa da Barragem de Cristalândia e do esgotamento sanitário de Brumado. 

Sem a segunda etapa da barragem, que poderia acumular mais de 30 milhões de metros cúbicos de água, e sem o esgotamento sanitário, o município convive há uma década em estado de emergência por conta da seca. A problemática tem como alerta a situação vivida pela cidade de Caetité, que vem passando por uma crise hídrica, tendo que conviver em constante racionamento de água. Outro alerta vem também do principal reservatório de água da Bahia, o de Sobradinho, que é abastecido pelo Rio São Francisco, segundo maior lago artificial do país, e está com apenas 17% da capacidade total do reservatório, que é de 34 bilhões de metros cúbicos de água - 42% a menos que nesse mesmo período no ano passado.