O neuropediatra Hugo Carvalho Garcia falou ao site Achei Sudoeste e ao Programa Achei Sudoeste no Ar sobre o Transtorno do Espectro Autista (Tea), transtorno do neurodesenvolvimento caracterizado por alterações na comunicação social e no comportamento. O tema tem tido cada vez mais relevância e repercussão na sociedade, dado o número maior de diagnósticos ao longo dos últimos anos. Para o médico, é urgente informar às pessoas sobre essa condição, que não é causada por um único fator. “É multifatorial, com um componente genético gigantesco. Todas as coisas que acontecem conosco vão reverberar até os nossos bisnetos. Então, sabemos que algumas coisas que aconteceram com os nossos pais, avós e bisavós podem ter aumentado o risco de nós e nossos filhos termos autismo”, detalhou. Dentre esses fatores, Carvalho citou variantes como poluição, uso de remédios e agrotóxicos. Para além dessas questões, o neuropediatra afirmou que aspectos neonatais podem contribuir para o diagnóstico de autismo.
Nesse sentido, ele apontou que, na atualidade, com um suporte neonatal mais sofisticado e robusto, os prematuros, os recém-nascidos com baixo peso ou mesmo bebês com síndromes genéticas e intercorrências graves estão sobrevivendo em maior número. “Esses fatores neonatais são grandes demais para serem ignorados e são, com certeza, uma das causas do aumento de diagnóstico de autismo no nosso meio”, ressaltou. Carvalho alertou que os principais sinais para identificar o transtorno estão relacionados com os marcos do desenvolvimento. Em muitos casos, as crianças autistas apresentam atrasos nesses marcos, como para andar e falar. Além disso, movimentos repetitivos e interação social de baixa qualidade também são sinais de alerta. Segundo o especialista, em meio ao crescente número de pacientes com autismo, também há muitos erros de diagnóstico. Embora hoje haja profissionais mais qualificados na área, a realidade pode ser falseada por diagnósticos precipitados. Segundo o neuropediatra, crianças expostas a telas desde muito cedo podem apresentar comportamentos similares ao autismo, o que influencia nesses falsos diagnósticos.