Com a chegada das chuvas e o início das festas juninas, um alerta se acende nas zonas rurais da Bahia: os acidentes com serpentes. De janeiro a março de 2025, foram registrados 670 casos de acidentes ofídicos no estado, segundo dados da Secretaria da Saúde da Bahia (Sesab). No mesmo período do ano passado, haviam sido notificados 1.046 ocorrências, com um total de 3.903 ao longo de todo o ano de 2024. Embora o número do primeiro trimestre de 2025 indique leve queda, especialistas alertam para o risco de subnotificação e para a tendência de aumento com o avanço do período chuvoso e o deslocamento da população urbana para o interior. As serpentes são responsáveis por um número ainda preocupante de óbitos: 14 em 2024 e um caso fatal já registrado apenas nos primeiros três meses deste ano. De acordo com o Centro de Informação e Assistência Toxicológica da Bahia (CIATox-BA), órgão estadual vinculado à Sesab e referência em toxicologia, foram 687 atendimentos relacionados a picadas de cobra de janeiro a março deste ano, contra 860 no mesmo período do ano passado. Embora os dados apontem uma aparente redução, o próprio órgão alerta para revisões constantes e notificações tardias que podem alterar esse cenário. Boa parte das ocorrências se concentra no interior, onde o contato com áreas de vegetação e o manejo agrícola expõem moradores e visitantes a maior vulnerabilidade. A presença de serpentes é mais comum em locais de mata, roça, terrenos baldios e margens de rios, justamente os espaços mais frequentados durante o São João, quando milhares de baianos deixam a capital e viajam para seus municípios de origem ou participam das tradicionais festas nas zonas rurais. O aumento da circulação de pessoas e da movimentação no campo amplia o risco de encontros com esses animais peçonhentos. As jararacas (gênero Bothrops) lideram os registros de acidentes, responsáveis por cerca de 60% das ocorrências. São serpentes de hábito terrestre, camufladas no solo úmido e nas folhas caídas, o que dificulta sua visualização. As cascavéis (Crotalus), embora menos comuns, respondem por cerca de 9% dos casos e exigem atenção redobrada, já que seu veneno pode afetar o sistema nervoso e provocar sintomas graves.