O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) apontou falha no desempenho de equipamentos em usinas eólicas e solares como a principal causa do “efeito dominó” que levou ao desligamento de linhas de transmissão e ao apagão de 15 de agosto. De acordo com o G1, os dados constam na minuta do relatório de análise de perturbação (RAP), disponibilizada na segunda-feira (25). A versão final do documento deve ser entregue até 17 de outubro. Segundo o ONS, os equipamentos deveriam compensar automaticamente a queda de tensão causada pelo desligamento da linha de transmissão Quixadá-Fortaleza II –o “evento zero” do apagão. No entanto, os dados oficiais sobre funcionamento dos equipamentos fornecidos pelas usinas não corresponderam ao seu desempenho após o desligamento da linha no Ceará.

Os atendimentos na Policlínica Regional de Saúde também foram afetados pelo apagão registrado nesta terça-feira (15), na cidade de Brumado. Diretora geral da unidade, Elisângela Vieira lamentou os atrasos nos atendimentos. Ao site Achei Sudoeste, Vieira disse que a queda de energia causou um transtorno muito grande, especialmente para os pacientes de municípios distantes e que estavam em jejum para realização de tomografias com contraste, ressonâncias e endoscopias digestivas. De 230 pessoas agendadas para o dia de hoje, apenas 100 que estavam marcadas para consultas haviam sido atendidas no período da manhã. “Quando se trata de um problema externo a gente não tem como repor essas vagas porque o técnico está aqui, os profissionais estão aqui e a gente não consegue funcionar. Um transtorno muito grande”, afirmou Vieira. Apesar de dispor de um gerador próprio, a policlínica possui um parque tecnológico muito grande e o equipamento mantém apenas os aparelhos de menor porte funcionando. Tomógrafo, raio x e mamógrafo não puderam funcionar no período do blecaute.  

Na manhã desta terça-feira (15), um apagão causou prejuízos aos comerciantes na cidade de Brumado. Do ramo de supermercado, o empresário Amauri Pires disse que os transtornos são grandes diante da queda de energia. Ao site Achei Sudoeste, ele relatou que os produtos congelados, frios e lacticínios correm risco de estragar a depender da quantidade de horas do apagão. “A gente fica preocupado. Se demorar muito gera prejuízo para o comércio, principalmente para o comércio varejista de alimentos porque são muitos perecíveis”, afirmou. Além disso, muitos comerciantes registraram dificuldades para utilização das máquinas de cartão ou recebimento via pix, o que acabou impactando o número de vendas e transações comerciais no período. “Muitos comerciantes fecharam as lojas por causa disso. A falta de energia causa transtornos. As vendas hoje são tudo on-line, cartão, pix, transferência, então, o comércio que trabalha com essa modalidade sofre as consequências”, apontou.

O apagão que afetou vários estados em todo o Brasil atingiu 417 municípios do Estado da Bahia. Em Brumado, a queda no fornecimento de energia foi sentida a partir de 8h30. Com o apagão, todos os serviços foram parados no setor administrativo da prefeitura municipal e os servidores foram dispensados no período matutino. O site Achei Sudoeste percorreu a cidade e pode registrar todos os semáforos, radares e circuito de monitoramento, de trânsito e de segurança, desligados, o que obrigou os condutores a terem maior cautela nos cruzamentos das vias. As agências bancárias ficaram vazias durante todo o período do blecaute. Lojas ainda mantiveram as portas abertas, porém sem os clientes poderem consumir, uma vez que, sem energia e internet, não havia como efetuar os pagamentos. 

Os meios de comunicação também foram afetados, deixando a cidade sem informações sobre o que estava ocorrendo diante do apagão. Os postos de combustíveis com as bombas desligadas, apenas um posto com gerador próprio estava conseguindo abastecer os veículos, o que gerou uma grande fila na Avenida Lindolpho Azevedo Brito, entrada da BA-148 na cidade. Com gerador próprio, a Clínica de Hemodiálise conseguiu manter o atendimento aos pacientes. Somente por volta de 13h07, a energia foi restabelecida em Brumado.

Todas as cidades da Bahia foram afetadas pelo apagão nacional registrado nas regiões Nordeste, Norte e Sudeste, nesta terça-feira (15). A suspensão da energia elétrica ocorreu às 8h31, de acordo com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), e a retomada começou por volta das 10h20. Segundo a Companhia de Eletricidade do Estado da Bahia (Coelba), 50% dos clientes já tiveram serviço restabelecido. O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) informou que o apagão nacional ocorreu depois de uma abertura da interligação Norte/Sudeste. As causas são apuradas. A recomposição já foi iniciada em todas as regiões e que 6 mil dos 16 mil Megawatt já foram recompostos. Até as 10h22, o Ministério de Minas e Energia havia informado que o fornecimento de energia já tinha sido normalizado nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste. Além disso, no mesmo horário, 27% da carga tinha sido recomposta na região Norte e 68% tinha sido recomposto no Nordeste. O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) informou que a interrupção de energia ocorreu depois de uma abertura da interligação Norte/Sudeste, mas as causas ainda estão sendo apuradas. O apagão nacional foi registrado em todas as regiões do Brasil. O Distrito Federal e 25 estados brasileiros tiveram fornecimento suspenso. A única exceção foi Roraima, que está fora do sistema interligado nacional e é abastecido por termelétricas.

Um apagão atingiu todo o município de Brumado na noite desta segunda-feira (19). Segundo apurou o site Achei Sudoeste, o blecaute afetou a sessão da Câmara de Vereadores, que foi interrompida. O presidente da Casa, vereador Leonardo Quinteiro Vasconcelos (PDT), optou por encerrar as atividades no parlamento, antes do horário regimental. O apagão durou aproximadamente 12 minutos.  Até o momento, a Coelba não se pronunciou sobre a causa do blecaute na capital do minério.